domingo, 20 de novembro de 2011

Tempero do Forte: oportunidade de fugir do óbvio em um lugar familiar



Quem nunca passou por uma experiência assim: ir a um lugar e sempre pedir a mesma coisa? Quem também nunca perguntou a um amigo: “Você conhece esse ou aquele restaurante (pode ser também boteco, bistrô, pizzaria, café, etcetera e tal)? O que devo pedir lá?”. Eu, que já há algum tempo escrevo sobre gastronomia, por vezes recebo ligações de amigos pedindo detalhes sobre restaurantes e indicações de pratos. E olhe que, embora eu procure experimentar novas coisas, por algum motivo, que não sei qual, indico sempre os mesmos locais e pratos – os meus prediletos, claro! Talvez como o crítico da animação Ratatouille, Anton Ego, eu esteja sempre em busca do prazer e da lembrança do prato da infância, o familiar. Desculpem, amigos, mas isso é algo de que não consigo escapar completamente, mas eu tento, realmente tento.
Algumas oportunidades nos ajudam a fugir dos prazeres ordinários e, sinceramente, acho que devemos aproveitá-las. É o caso do Festival Tempero do Forte, idealizado pela chef e agitadora gastronômica Tereza Paim, que traz chefs de outros pontos do país – e até do mundo - para criarem pratos utilizando ingredientes locais. Essa é uma grande oportunidade para que grandes nomes mostrem que não existe apenas uma forma de olhar a matéria-prima e este novo olhar provoca, além de uma deliciosa experiência gastronômica, uma oportunidade antropológica bastante enriquecedora: o modo de cozinhar de diferentes culturas.
O ingrediente da edição desse ano é a cachaça. Entre os convidados, os chefs Paulo Gaudio/ES, Márcia Pinchemel/GO, Guga Rocha/AL, Paula Labaki/SP, Barão/RJ, Isaías Neries/RJ, Carlos Ribeiro/SP, Mônica Rangel/RJ, Richard Fehlberg/Austrália, Jonatas Moreira/AL e a baiana Chuca Cardoso, além da anfitriã Tereza Paim.
A cachaça é um ótimo ingrediente para um fim de semana em Praia do Forte, afinal, como dá para fazer tudo a pé, pode-se aproveitar a bebida e voltar para casa/pousada sem o risco de ser parado numa blitz.
Serviço: VI Festival de Gastronomia e III Festival de Arte e Cultura de Praia do Forte/BA, entre os dias 24 de novembro e 4 de dezembro de 2011. http://www.temperonoforte.com.br/

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Amargosa, bem mais que São João


As boas surpresas, às vezes, aparecem nos lugares mais inesperados e inusitados. Por obrigações de trabalho, viajei até Amargosa, cidade famosa pela festa de São João. No entanto, percebi que ela tinha bem mais que a festa Junina, logo que cheguei. Fui surpreendido pela beleza das praças, limpeza e tranqüilidade da cidade.
Anoitecia e já havia dado uma volta pelos arredores, vi as belas e arrumadas praças e fiquei impressionado pelo tamanho da feira. Como de costume, perguntei ao pessoal local o que tinha de bom para comer na cidade, aí logo me falaram dos restaurantes “normais”. Continuei minha investigação e comentei com um funcionário da secretaria de cultura sobre a feira, e, lógico, perguntei sobre o que havia de bom para comer pela cidade. Ele me disse que lá funcionava à noite como point e que, em alguns boxes, era servida feijoada e outros pratos, mesmo naquele horário.
Fui para a pousada terminar o meu dia de trabalho e tomar um banho antes de procurar algo para almoçar (já era 19 horas). Terminei meus afazeres e já se passava das 9h da noite. Me arrumei e, pelo adiantar da hora, perguntei ao recepcionista se encontraria algo para comer na feira naquela hora. Ele me garantiu que poderia ir tranquilo, pois encontraria tudo aberto.
Fui caminhando e, depois de uns 20 minutos, cheguei ao local. Realmente, vi alguns boxes abertos, mas não estava tão cheio como fui informado, talvez devido aos 17ºC, que podem ter espantado a maior parte dos visitantes.
Como de costume, fui fazer minha ronda para verificar os locais mais frequentados e vi o Box 01 I de Dona Raquel um pouco mais cheio que os outros. Parei no local, perguntei à pessoa que servia as mesas, Seu Braz, o que tinha para comer e fui informado que tinha feijoada com carne de sertão e mocotó, arroz, macarrão, salada e carne assada(boi, porco e frango) ou ensopada.
Pedi a feijoada, o arroz e a carne assada de boi. Já no momento do pedido, perguntei o valor, quando fui surpreendido pela primeira vez: tudo sairia por R$ 8,00. Em seguida, a segunda surpresa: a quantidade de comida(como pode ser conferido na foto). A terceira surpresa ficou por conta do sabor do feijão e da carne de sertão. Tudo muito bom! Por fim, a atenção e o cuidado do serviço, mesmo sem a polidez e as regras das orientações técnicas, mas, mais cuidadoso do que muitos que vemos por aí com suas camisas bem passadas e aventais bem amarrados. Seu Braz entendeu o sentido do bem servir.
Por isso, recomendo a quem for para Amargosa visitar a feira local. É um passeio surpreendente e, depois de caminhar muito pelos corredores, pode ir se abastecer no Box 01 I de Dona Raquel e esperar ser bem atendido por Seu Braz.